verdade viva °°°: dezembro 2005

15.12.05


O que se vê


Foi de repente que enxerguei
como um buraco negro no caminho
como flores na primavera
algo fatalmente límpido
como o luar que atravessa águas correntes
como a mesma posição que faz ficar dormente
como um vinho tinto raro que bebi na solidão

Tentei resolver sozinha às questões
tentei escrever sozinha as canções
e tudo tão inútil como o desespero
tudo fora de ordem, sem modelo
igual ao cavalo que fugiu sem seu cavaleiro
igual ao ladrão que fugiu no aperreio
como as letras que escrevo em devaneio

Posso ver através dessas paredes
eu avisto as espumas do mar pela sacada
e toda a fúria desse vento que grita
e unindo os símbolos procurando a perfeição
buscando os acertos que caíram pelo chão
Como uma obra musical inacabada
atrás de uma camada de cores mal-pintadas
Uma estrela indicando a direção

o céu escuro que me escreve essa mensagem
que não me mostra a real situação
feito o retrato pelo tempo amarelado
um dia de sol que se perdeu na escuridão

Queria sentir aquele amor inconsequente
e assistir ao desabrochar de um sorriso
de todas as cores como folhas no outono
de todas as formas como nuvens no paraíso.


By Vanessa Simões