verdade viva °°°

6.4.12

Começou quando eu disse "avisa à Pretinha que domingo tou chegando pra almoçar."
Na luta diária contra a saudade e a solidão tenho que me adaptar à sanidade. Ouço o celular apitar e corro na esperança de vê-lo, mesmo que seja rapidinho - e vejo - todo o meu amor desfilando a sua paciência refinada, rebuscada, e consigo até ouvir suavemente seu sussurro "vá assistir um filme e se liberte desse tédio."

Tédio? Imagina.
Uma mulher como eu nunca cai no tédio. Sou insone por falta de tédio. Tem tanta coisa acontecendo na minha província que seria impossível que o mar do tédio viesse molhar a areia da minha praia.

A lua tá tão bonita no céu, mas eu tenho tanta coisa pra fazer que me contento em observá-la por trás das grades da janela da minha sala de estar, onde já não estou porque a TV ligada pode me hipnotizar com os seus poetas e me tomar todo o tempo que eu já não tenho.
Inclusive, se me sobrasse o tempo, poderia ensaiar as novas poses que aprendi nas revistas de eventos sociais que folheava enquanto tomava minha vitamina de Neston.

O legal foi lembrar das palavras daquele senhor careca de 64 anos (como naquela música dos Beatles) pronunciadas tão carinhosamente em minha direção.
O que foi mesmo que ele disse?

...


"Muitas pessoas devem confundir teu nome e te chamar de Andressa, não?"
"Não. É incomum confundirem meu nome. Por quê?"
"Ah, sei lá. Tu tem cara de Andressa. Quando tu sorri, o teu sorriso é tão 'A' que parece que teu nome é Andressa."

Bem, se me sobrasse tempo, depois dessa lembrança, eu me olharia no espelho, sorriria o meu 'A' e tentaria comprovar se realmente todas as mulheres que usam jeans e camiseta, que sorriem baixinho e com educação são mesmo demoníacas. Ainda espero desvendar esta incógnita ao longo do meu nada.
E quanto mais as horas passam e com menos tempo para o tédio, mais percebo as novas rugas de expressão, afinal, estou com 26 mas desde os 15 que eu tenho 70, e de inocente nesse mundo, eu bem notei que não existe nem a desculpa.