verdade viva °°°

29.1.11

(...)

Encontrou-o num bar, num desses de luz fraca, cheiro de madeira apodrecida misturado com poeira e vodca, onde os homens coçam o saco e cospem no chão enquanto disputam frenéticos uma partida de bilhar. Ele estava com uma expressão serena no rosto, como se tivesse acabado de aceitar ter sido realmente derrotado.
Sentou-se ao seu lado e acompanhou-o no pedido - uma água e um copo com gelo, por favor!
Analisava-o de ponta à cabeça, percorrendo seus poros e observando onde a tensão se acumulava. Estiveram juntos uns sete anos antes e sem dó o tempo gritava suas marcas em cada região sensível dos seus rostos.
Tivera medo de perguntar onde esteve pois conhecia bem a resposta - mulheres, ah! - e calada permaneceu até sentir um leve sussurro penetrar-lhe o ouvido:
- Onde esteve esses anos? - Perguntara-lhe
- Resolvendo os problemas dos outros. - E abaixou a cabeça tão suavemente que qualquer pessoa um pouco mais distraída jamais notaria.
- Que tipo de problemas? - Insistira.
- Todos. - E virando o copo de água simulou um gosto azedo e coçou os olhos como se estivesse prestes a lacrimejar.

(...)

1 Comments:

At 29.1.11, Blogger Bruno Costa said...

Já conhece o bar do Seu Diran, em Candelária?

 

Postar um comentário

<< Home