verdade viva °°°

16.12.10

Tem um grito preso na garganta que me impede de engolir o mundo.
Tem uma lágrima revolta que percorre, fracassada, minha face.
Tem tanta injustiça captada pelos meus ouvidos que se perdem frente aos sussurros de que dias melhores virão.

Abaixo a cabeça frente às circunstâncias por não ter mais o pique de reclamar, de bater de frente, de pisar firme no chão.
Não aguento mais ter que negar; ter que fingir não querer quando o cheiro do que é meu desejo se instala em mim.
Essa vida que percorre alheia à minha me enfurece; minhas palavras não comovem; ele simplesmente não consegue entender.
Dentre as suas escolhas que devem ser as certas eu encontro todos os erros e burrices do mundo.
Entre o não querer e o mal querer me contento com o resto.

Por que ele simplesmente não senta na minha cadeirinha branca de balanço e percebe que sou a escolha certa, diz que me ama e adormece ao meu lado?
Por que ele simplesmente não reconhece que estive aqui por tanto tempo e que foi exatamente isso que fez de mim seu ponto forte e dona do seu maior carinho?

Quando vamos repetir o beijo que afogou meus olhos irritados pelo tempo da espera?
Quando foi que deixei de ser a melhor companhia para se conversar num dia chuvoso e frio?
Quando foi que ele descobriu que não existia mais tesão ao comer sua comida preferida?
Faz tempo que ele descobriu que o excesso de tesão que julga sentir por mim se justifica pela falta de amor?

Eu disse que o tênis da nike, naquela combinação, cairia bem melhor que o all star. E eu disse que era de verdade o charme e a beleza do sorriso.
Mas você poderia ficar sério, tirar os tênis e se desarrumar pra mim, por favor?
Pode me segurar pelo braço e falar no meu ouvido tudo aquilo que dispensa atenção; tudo aquilo que penetra por osmose?

Sim, pode ser sacana e bancar o hostil se me prometer que depois virão piadas idiotas acompanhadas de um pote de sorvete e meias brancas debaixo do edredom.
Pode enfeitar minhas nuvens me contando histórias de heróis e vilões, debaixo de uma árvore cujos galhos eu consiga me pendurar.
Pode escolher os nomes dos cachorros e os discos que vamos ouvir.
Pode me empurrar na areia da praia e me irritar com guerrinhas imbecis.
Pode me deixar sozinha com os meus textos e deixar que eu busque sozinha os meus óculos de grau.

Quando foi que fiz de você minha dose diária (nada homeopática) de vida?

2 Comments:

At 16.12.10, Blogger Leonardo Teixeira said...

Poxa Laka...
Adorei o blog (design e talz) e, também, gostei muito da crônica (ou texto, desabafo, enfim...). Muito sincero e perspicaz. Não conhecia seu lado literário, virei leitor.
Também escrevo em um blog, mas anda desatualizado em função das atividades no mestrado.
Quando tiver um tempo, dá uma lida lá: http://wwwsolpoente.blogspot.com/

Beijão.

Léo (Ecologia - UFRN).

 
At 17.12.10, Blogger Bruno Costa said...

Pena (ou sorte) que não vende na farmácia.

 

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