verdade viva °°°

17.8.09

A última coisa que eu queria ter dito era que a culpa do meu nervosismo provinha da Tensão Pré Menstrual - que era fato, mas eu acabei tirando a culpa que devia ser de outrém para jogar em mim mesma. Babaquinha, assumo. Mas o sono me embalou mais brandamente e consegui calmaria após ler um Te amo da menina dona das pernocas mais nocas que há neste litoral. Essa mesma menina que enxerga uma cor azul-batata (?) após um beijo hipotético.



Hoje eu acordei mais perceptiva que de costume. E mais sensível até, ouso dizer. Mas não quero atribuir à TPM qualquer melhora significante da minha forma de destacar cenas que passariam desapercebidas em qualquer outro dia mais comum.

O que quero dizer é que vou enumerar 10 das 5.001 manifestações repentinas de brilho que aconteceram das 7:44 às 11:52 da manhã:


1. Percebo uma moça de olhos claros, cabelos longos e reluzentes, de seios fartos e nádegas grandes. Moça esta que mais parece uma atriz de cinema americano mas que não passa de uma vendedora de frutas da estação com sua clientela que vai de crianças até adultos, mas voluntariamente sempre homens.

2. Acolá vão as irmãs anãs que caminham nos horários mais quentes do dia com sandálias brancas de borracha anti derrapantes.

3. Constato que o sol tapeia o lado direito do meu rosto todas as manhãs enquanto o vento tenta mascarar essa violência gratuita.

4. Escuto sem interesse uma velha música popular enquanto percebo os olhos rasos d'água de quem guia o veículo automotivo ao meu lado.

5. Noto a sutileza com que esse mesmo guia entorta suavemente o pé que toca a embreagem.

6. Bocejo três vezes antes de optar por ler um livro e ter a presente certeza de que livros não são brinquedos.

7. Vejo, apreensiva, uma cadelinha prenha (ou num estado pós materno) comendo amendoins completamente despreocupada, alheia ao perigo de estar na faixa central de uma via pública urbana bem movimentada.

8. Sorrio ao notar o furto de uma rosa (que estava à venda numa loja de paisagismo) por uma criança que a oferece inocentemente à sua mãe. E sorrio novamente com uma vergonha alheia enorme ao traduzir que, ao ter percebido o fato, a vendedora correu tímida até a mãe da criança e tomou-lhe penosamente a rosa de suas mãos.

9. Ouvi as asperezas que denunciavam a insatisfação de um velhinho que cochilava e assustava-se com os solavancos do transporte público.

10. E lá no alto o casal de bem-te-vis que pousavam elegantes sobre uma antena de TV.



Encontrei no contexto particular de cada memória um pouco da graça que havia se expulsado dos olhos da minha rotina.

5 Comments:

At 17.8.09, Blogger Fernanda Nóbrega. said...

Sempre bom ler seus textos. :)

Tantos detalhes nos passam despercebidos quando estamos demasiadamente envolvidos em nossos próprios dilemas.
É saudável ter dias assim, como esse seu. Melhor ainda é compartilhá-lo de forma tão envolvente.

Xêro, Laka. :*

 
At 17.8.09, Blogger Unknown said...

Nem sempre olhar é suficiente... é preciso olhar e enxergar... é preciso "açúcar" e "afeto"... ou quem sabe uma tpm...

 
At 18.8.09, Anonymous Anônimo said...

"Primeiro, as cores.
Depois, os humanos.
Em geral, é assim que vejo as coisas.
Ou, pelo menos, é o que tento."
[A Menina que Roubava Livros]


E eu te amo mesmo!
=**

 
At 18.8.09, Blogger Yuri Andrews said...

Percebo uma moça de olhos claros, cabelos longos e reluzentes, de seios fartos e nádegas grandes.






Apresenta-me?
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Magnífico. As always...


(L)

 
At 21.8.09, Blogger anao said...

muito bom o texto como sempree!! sempre digo q vou comprar seus livros qnd vc cair na real e for publicar um de verdade!! mas enfim.. só uma " correção " p ficar melhor.. estado pós materno = cadelinha puérpera... puérpera é o nome desse estado =)) =**

 

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