... em primeira pessoa:
Deslizava o volante sobre as minhas mãos ágeis enquanto o vento forte, gelado e macio vinha de encontro ao meu rosto salgado de mar. Se fazia um cenário meio urbano, meio litoral, aquela vista acostumada de coqueiros entre postes e vice-versa.
Das outras árvores e do mesmo caminho, as folhas que teimavam em cair, mesmo contra toda a resistência do vento, chamaram minha atenção. Não porque eram amarelinhas cor de sol, não! Mas porque elas se mostravam exímias dançarinas de balé. Um espetáculo divertido aos meus olhos.
O desejo lancinante da mudança exalava dos meus poros.
Sinal aberto, pulso forte e determinado na alta velocidade em que se iniciou o novo ano.
E por esse início logo descobri um carinho presente em mãos que me tocavam com algum notável cuidado e uma voz companheira que comigo cantava em frente a uma vitrine qualquer, em um passeio qualquer, uma canção qualquer, em busca da lua.
Havia uma platéia estranha que sorria inebriada com a felicidade alheia. E nem me passou na cabeça a possibilidade de ter estado ao inverso o mundo.
A insegurança se esvaiu com um beijo transparente e a certeza de que nada mais poderia fazer a minha cabeça girar a não ser aquele cheiro de ondas.
Sete mil e duzentos minutos a cento e vinte quilômetros por hora com um sorriso teimoso que insistia em ficar.
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