verdade viva °°°

29.8.03

Na década de 70 a tia do meu professor de Sociologia havia acabado de se casar com um homem de pulso firme, mandão e o pior de tudo, raparigueiro. Desculpe-me galinhas de plantão, mas a vida é muito mais que várias mulheres...

Ok!

Recapitulando...
A tia do meu professor de Sociologia, por causa de seu marido que se deitava com as putas de Natal, acabou pegando gonorréia dele, que pegou delas. E passou um ano praticamente agonizando com a doença. Um dia, enquanto líquidos escorriam entre suas pernas e o cheiro desagradável a infestava, o saco dela se encheu e ela, simplesmente na hora do jantar chegou ao esposo e disse:

- Senhor meu esposo, o senhor precisará me levar ao médico.
- Por que, senhora minha esposa?
- Porque peguei uma doença do senhor meu marido.
- COMO ASSIM DOENÇA MINHA?
- Sim meu senhor. Doença vossa.
- Sua puta. Você andou me traindo???

(...)

A tia do meu professor de Sociologia passara a vida toda sendo fiel ao seu senhor, naquela época ainda se usava aquelas camisolas com buracos, apenas para o ato sexual, e então, ela indignada com as acusações a que fora submetida disse bruscamente:

- Meu senhor, não pensei que fosse viver pra ter que passar por essa cena, mas a única maneira de eu provar que estou contando-te a verdade é fazendo com que o senhor tire suas roupas.

(...)

Há bem mais de dez anos de casamento a tia do meu professor de Sociologia nunca tinha visto seu marido nu.
Ele, indignado também pela audácia de sua senhora, de duvidar da palavra dele, recusou-se mostrar sua doença e o casal feliz e apaixonado se divorciou.

Ela, acabou virando crente. Mas aquelas crentes crentes mesmo. Só existiu Jesus a partir daquele dia.

Mudou-se para Recife, comprou uma humilde casa e orava todos os dias. Penitenciava-se quando pensava maldade sobre as pessoas e quando julgava silenciosamente. Jesus havia de lhe salvar, havia de lhe transformar em santa como remissão de seus pecados.
A tia do meu professor de Sociologia odiava andar a pé, mas em um dia ensolarado e de feira, resolveu ir até a mesma para comprar algumas frutas e verduras. No meio do caminho um bêbado desequilibrado e pornográfico andava seminu pela rua e num ato imprudente deu uma cusparada nojenta na mão da tia.
Aquele ato ofendeu-a profundamente e ela passou as três semanas seguintes apenas pensando no que lhe acontecera com a mão mergulhada em bacias de álcool ou sempre usando bastante sabonete para deixá-la limpa e cheirosa. Ao mesmo tempo se punia e pedia solenemente a Deus para que ela tirasse a imagem do bêbado cuspindo em sua mão. E chorava. E esperneava. E não esquecia.
Certo dia, na década de 70, houve uma grande enxurrada em Recife, e a cidade praticamente ficou embaixo d'água. A casa da tia do meu professor de Sociologia inundou completamente e ela perdeu todos os seus móveis. Fazendo-a voltar à casa de parentes em Natal.

Em um almoço de confraternização da família, a tia do meu professor de Sociologia afirmava com absoluta certeza de que Deus a tinha castigado por ela não ter conseguido esquecer a cena do bêbado e ter odiado tanto o penoso indivíduo que às vezes foi tentada a desejar até sua morte (a do bêbado). Então sutilmente, meu professor de Sociologia abriu a boca e disse:

- Querida Tia, entendo que a senhora seja muito poderosa e seja mulher de muita fé. Mas, acho que Deus tem coisas mais importantes a fazer do que inundar uma cidade porque um bêbado escarrou na sua mão.

(...)

Dias depois, ela se internou num convento.

2 Comments:

At 18.2.08, Anonymous Anônimo said...

Crônica inteligente e cativante, li a história avidamente, querendo saber finalmente qual seria o fim da tia do seu professor de Sociologia

 
At 18.2.08, Anonymous Anônimo said...

pobre mulher infeliz, principalmente por que depois de virar evangélica, foi parar no fim da sua vida em um convento católico

 

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