verdade viva °°°

31.7.06

Necessitei republicar este texto. Ando tão nostálgica...

Na década de 70 a tia do meu professor de Sociologia havia acabado de se casar com um homem de pulso firme, mandão e o pior de tudo, raparigueiro. Desculpe-me galinhas de plantão, mas a vida é muito mais que várias mulheres...

Ok!

Recapitulando...
A tia do meu professor de Sociologia, por causa de seu marido que se deitava com as putas de Natal, acabou pegando gonorréia dele, que pegou delas. E passou um ano praticamente agonizando com a doença. Um dia, enquanto líquidos escorriam entre suas pernas e o cheiro desagradável a infestava, o saco dela se encheu e ela, simplesmente na hora do jantar chegou ao esposo e disse:

- Senhor meu esposo, o senhor precisará me levar ao médico.
- Por que, senhora minha esposa?
- Porque peguei uma doença do senhor meu marido.
- COMO ASSIM DOENÇA MINHA?
- Sim meu senhor. Doença vossa.
- Sua puta. Você andou me traindo???

(...)

A tia do meu professor de Sociologia passara a vida toda sendo fiel ao seu senhor, naquela época ainda se usava aquelas camisolas com buracos, apenas para o ato sexual, e então, ela indignada com as acusações a que fora submetida disse bruscamente:

- Meu senhor, não pensei que fosse viver pra ter que passar por essa cena, mas a única maneira de eu provar que estou contando-te a verdade é fazendo com que o senhor tire suas roupas.

(...)

Há bem mais de dez anos de casamento a tia do meu professor de Sociologia nunca tinha visto seu marido nu.
Ele, indignado também pela audácia de sua senhora, de duvidar da palavra dele, recusou-se mostrar sua doença e o casal feliz e apaixonado se divorciou.

Ela, acabou virando crente. Mas aquelas crentes crentes mesmo. Só existiu Jesus a partir daquele dia.

Mudou-se para Recife, comprou uma humilde casa e orava todos os dias. Penitenciava-se quando pensava maldade sobre as pessoas e quando julgava silenciosamente. Jesus havia de lhe salvar, havia de lhe transformar em santa como remissão de seus pecados.
A tia do meu professor de Sociologia odiava andar a pé, mas em um dia ensolarado e de feira, resolveu ir até a mesma para comprar algumas frutas e verduras. No meio do caminho um bêbado desequilibrado e pornográfico andava seminu pela rua e num ato imprudente deu uma cusparada nojenta na mão da tia.
Aquele ato ofendeu-a profundamente e ela passou as três semanas seguintes apenas pensando no que lhe acontecera, com a mão mergulhada em bacias de álcool ou sempre usando bastante sabonete para deixá-la limpa e cheirosa. Ao mesmo tempo se punia e pedia solenemente a Deus para que ela tirasse a imagem do bêbado cuspindo em sua mão. E chorava. E esperneava. E não esquecia.
Certo dia, na década de 70, houve uma grande enxurrada em Recife, e a cidade praticamente ficou embaixo d'água. A casa da tia do meu professor de Sociologia inundou completamente e ela perdeu todos os seus móveis. Fazendo-a voltar à casa de parentes em Natal.

Em um almoço de confraternização da família, a tia do meu professor de Sociologia afirmava com absoluta certeza de que Deus a tinha castigado por ela não ter conseguido esquecer a cena do bêbado e ter odiado tanto o penoso indivíduo que às vezes foi tentada a desejar até sua morte (a do bêbado). Então sutilmente, meu professor de Sociologia abriu a boca e disse:

- Querida Tia, entendo que a senhora seja muito poderosa e seja mulher de muita fé. Mas, acho que Deus tem coisas mais importantes a fazer do que inundar uma cidade porque um bêbado escarrou na sua mão.

(...)

Dias depois, ela se internou num convento.

3 Comments:

At 31.7.06, Blogger kursch said...

Engraçado

 
At 31.7.06, Anonymous Anônimo said...

auhauhsuhaushuashuahuahua...Certa, ela!!!!ela quem tá certa!Deus, depois daqueles famosos sete dias, ficou meio ocioso, sem ter o que fazer, e se ocupa castigando as beatas. Aliás, castigar beatas sempre foi um de seus hobbies favoritos! Não conheço uma beata que não diga ter sido castigada ao menos uma vez. Falando sério: Dizer o que? "o pudor e uma das formas mais requintadas de perversão". O pudor da tia fez com que um rancorzinho, uma malquerença boba tomasse, para ela, proporções catastróficas. Através dele,pudor cristão, ela deu novas dimensões à sua vida, que poderiam ser dimensões ilusórias para alguns, mas não para ela.E "a religião é o ópio do povo" e blábláblá...A que conclusão devo chegar?? É impressionante o que a cultura machista foi capaz de fazer à certas mulheres. Mas, daqui, tudo isso me parece corriqueiro, a história tem exatamente o desfecho que eu esperava, imagino que isso se deva ao fato de ela ser real(né Vanessa?) e se passar nos anos setenta, cultura machista, bla bla bla...Queria saber o que vc quis apontar com isso...se é ao absurdo da história (que não é tão absurda assim, se tratando de uma beata dos anos setenta) se ao atraso da cultura brasileira (que ainda tinha beatas desse tipo nos anos setenta)se a referência aos dias atuais (ainda existem beatas desse tipo, esteriotipadas) se não era nada disso e vc queria apenas nos divertir...Sei não, sei que eu dei muita risada (que me perdoem o professor e sua tia).

 
At 4.8.06, Blogger Filha da Terra said...

Tia prepotente essa hein? Mas coitado, sofreu tanto né? O que é uma escarrada pra quem já cagou a vida toda? :P
TEXTO PAW!
Aliás, tá bom de publicar logo um livro com essas crônicas né?
TE AMO A LOT!

 

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